24 abril, 2024

Aqueles corpos abraçados e mudos, símbolo da dor universal

A guerra não tem rosto, não tem nome, não tem idade. A guerra são dois corpos presos em um abraço que não é mais possível. Uma mulher viva que aperta junto a si os restos mortais de uma menina morta. O branco de um lençol, o azul de um vestido, as lágrimas escondidas por um véu amareladiço que também cobre o cabelo.

O comentário é de Viola Ardone, publicado por La Stampa, 19-04-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

"A Pietà de Gaza" (Foto: La Stampa)


A representação humana de uma dor muda, tão antiga quanto o mundo, como a injustiça, como a guerra. O grito de uma mão, a esquerda, quatro dedos beirando um invólucro disforme são o único fragmento de carne visível, uma carícia de piedade a nos sugerir que, apesar de tudo, somos humanos, que ainda podemos sê-lo.

Temos que chorar diante dessa foto, porque o sofrimento não tem pátria, não existe bandeira sob a qual não se possa reconhece-lo, assim como a compaixão.

Devemos chorar se estamos vivos, devemos chorar por todos os nossos mortos, aqueles que amamos e aqueles desconhecidos. Chorar pelos mortos de Gaza, por aqueles de Israel, por aqueles da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, chorar por aqueles naufragados no mar, por aqueles esmagados pelo rompimento de uma barragem, por aqueles mortos no trabalho.

Chorar diante dessa imagem que ganhou o World Press Photo é a nossa oportunidade de não correr o risco de extinção, de não ficarmos ressequidos pela contagem cotidiana das vítimas que endurece as feições porque são demasiadas para poder pranteá-las uma por uma, e porque estão longe, e porque são desconhecidas, e porque não entendemos ainda quem está errado e quem está certo.

Temos que chorar diante dessa foto sem pretender explicações, sem querer entender, porque os mortos nunca estão errados, porque uma menina de cinco anos envolta num lençol branco tem sempre razão, seja qual for a sua nacionalidade, seja quem for o bandido.

Chorar pelo afago obstinado da tia que a segura e não a deixa ir, chorar pela nossa boa e pela nossa má consciência, ficar acordados à noite pensando nessa foto, porque há noites em que a consciência deve permanecer vigilante e não se deixar entorpecer pelo descaso.

Temos que chorar porque nessa foto está Maria de olhos baixos com o filho marmóreo entre os braços, está a Madalena de Masaccio aos pés da cruz fechada num grito de dor tão vermelho quanto o seu vestido, tem aquele cerúleo companheiro de jogos cantado por Pascoli, que ao vento só via cair pipas, e ao lado dele está sua mãe penteando seus lindos cabelos encaracolados, "devagar, para não o machucar".

Todos deveríamos chorar sem vergonha, como só as crianças sabem fazer, um choro fragoroso e não silencioso, com os soluços, as lágrimas, o nariz escorrendo. Um uivo longo e perpétuo, cadenciado como uma cantilena que se espalha de terra em terra para dizer não à guerra.

Retornar, diante dessa foto, à ingenuidade de um “não e basta”, de um “não porque não”, que não admite razões, bater os pés no chão, chorar e dizer não.

Esses dois corpos que formam um xis são a cruz que deve nos lembrar dia após dia que a cruz todos a carregamos, e é a mesma, menor ou maior, é sempre cruz.

Talvez seja por isso que, entre as muitas imagens de morte, de devastação, de dor que passaram diante dos nossos olhos agora ofuscados pelos horrores, essa está destinada a permanecer: porque se aquela mulher sem rosto levantasse os olhos poderíamos nos reconhecer no espelho.

Fonte: IHU

CNBB publica nota sobre as saídas temporárias de pessoas privadas de liberdade

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nesta terça-feira, 23 de abril, uma nota expressando sua posição sobre o Projeto de Lei (PL) nº 2.253/2022. O PL propõe, dentre outras medidas, o fim das “saídas temporárias” para as pessoas privadas de liberdade e após o veto parcial da Presidência da República, retornou para ser avaliado no Congresso Nacional.



NOTA DA CNBB SOBRE O PL 2253/2022

“Em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça”
(cf. Mateus 6, 33)

O Projeto de Lei (PL) nº 2.253/2022 que propõe, dentre outras medidas, o fim das “saídas temporárias” para as pessoas privadas de liberdade, após o veto parcial da Presidência da República, retornou para ser avaliado no Congresso Nacional.

A Doutrina Social da Igreja (DSI) reconhece a legitimidade do Estado para infligir as penas proporcionais à gravidade dos delitos (DSI 402). Ao lado dessa dimensão, o sistema estatal deve favorecer a reinserção das pessoas condenadas e promover uma justiça reconciliadora (DSI 403). A legislação brasileira tem as mesmas premissas de reinserção gradual de nossas irmãs e irmãos na sociedade. As saídas temporárias no decorrer do cumprimento da pena respondem a essas premissas.

Situações especificas que acabam por agredir o Estado, com episódios de violência contra servidores da segurança pública, bem como, contra a população civil, não podem ser consideradas como pressupostos para alterar os fundamentos do sistema penal brasileiro.

As relações entre os poderes da República merecem todo o respeito. Contudo, as decisões políticas, com o objetivo do bem comum, exigem amplo debate e participação de todos.

A Conferência Nacional dos Bispos Brasil-CNBB manifesta ao Congresso Nacional, em consonância com sua Tradição explicitada na Doutrina Social da Igreja e com os objetivos do sistema penal brasileiro, que o veto parcial submetido aos parlamentares para avaliação seja mantido.

Assim, recordamos as palavras do Papa Francisco: “Nunca sufoquem a pequena chama de esperança. Reavivar esta pequena chama é dever de todos. Cabe a toda a sociedade alimentá-lo, fazer de forma que a penalidade não comprometa o direito à esperança, que sejam garantidas perspectivas de reconciliação e de reintegração. Enquanto os erros do passado são remediados, não se pode cancelar a esperança no futuro.” Que Nossa Senhora Aparecida, interceda para que jamais percamos a esperança e busquemos sempre a paz.


Leia na íntegra no link a baixo


19 abril, 2024

Mensagem as cristãs e cristãos dos bispos católicos do Brasil reunidos na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Aparecida - SP, 18 de abril de 2024.


MENSAGEM AOS CRISTÃOS CATÓLICOS DO BRASIL


Caríssimos padres, diáconos, consagrados e consagradas, irmãos e irmãs das comunidades católicas, unidos conosco na fé em Cristo ressuscitado, Nós, bispos católicos do Brasil, reunidos em Aparecida -SP, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lembramo-nos constantemente de vocês, membros das nossas comunidades católicas, presentes nas dioceses e prelazias de todo o nosso país. Queremos, pois, dirigir-lhes estas palavras com o coração de pastores.

Agradecemos a Deus a fé sincera em Nosso Jesus Cristo, Redentor do mundo, que cada um de vocês preserva e pratica com fervor, em comunhão com seus bispos, a Conferência Episcopal e o Papa Francisco, que confirma na fé a todos nós.

Louvamos a Deus pela caridade que vocês vivem, por amor a Jesus e aos irmãos, em tantas situações de dor e sofrimento, no cuidado dos enfermos, dos idosos e dos mais necessitados. Agradecemos a Deus pelas inúmeras ações de fraternidade e partilha e pelo cuidado para com a vida e a família.

Alegra-nos saber que vocês são animados pela esperança cristã “que não decepciona” (Rm 5,5) e não nos deixa abater diante das dificuldades. Esta esperança se baseia na firme certeza de que Jesus ressuscitado está sempre conosco e nos dá, sem reservas, o Espírito Santo para a perseverança no bem.

Conforta-nos a vitalidade das comunidades que se reúnem em torno da Palavra de Deus, da Eucaristia e dos demais sacramentos. A celebração litúrgica nos edifica como comunidades de fé e oração, alicerçadas em Cristo.

Vemos com alegria que nossa Igreja possui por toda parte grupos com intensa vida de oração, os quais dão expressão concreta à sua fé e impulsionando-os à prática da caridade. A Palavra de Deus é lida, rezada e praticada de forma especial nos grupos bíblicos, na catequese e mediante a leitura orante da Palavra de Deus.

Temos motivos para nos alegrar com a multidão de fiéis, que participam de nossas comunidades. Mesmo assim, não podemos acomodar-nos com a ilusão da igreja cheia. Há uma grande parte de nosso povo a ser evangelizada, que ainda não se encontrou verdadeiramente com Cristo e, mesmo sem saber por onde ir, anseia por esse encontro que transformará sua vida. Encorajamos as pastorais, movimentos e serviços diversos a se tornarem cada vez mais missionários, indo a todos para oferecer a alegria do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo.

Constatamos com júbilo a riqueza de carismas, dons e serviços existentes na nossa Igreja (cf. 1Cor 12,1-31), mostrando que a ação do Espírito Santo impulsiona, também hoje, no coração do Povo de Deus, o avanço em novas frentes de compromisso eclesial, com renovado ardor e novos métodos, para realizar a grande missão da evangelização.

Edifica-nos a santidade vivida por tantos irmãos e irmãs, com testemunhos heroicos de fé e caridade. “O Brasil precisa de muitos santos e santas!” (São João Paulo II). Quando surgiu a perseguição, os primeiros cristãos transformaram-na em oportunidade para a ampliação dos horizontes missionários. Agora, diante dos sofrimentos, injustiças, incompreensões e martírios dos nossos dias, queremos encorajar todos vocês a se manterem unidos na fé, esperança e caridade.

Os valores de nossa fé católica são preciosos e estão acima de questões partidárias e ideológicas, que não devem nos dividir. Saibamos respeitar quem pensa diversamente; devemos ouvir, dialogar, sem perder nossos valores, mas abrindo o coração para acolher quem tem outras convicções. Recomendamos a todos a abertura ecumênica e a disposição para o diálogo inter-religioso. Vivendo num mundo plural, desejamos dar nossa contribuição para que a sociedade se encha de genuína alegria, como aconteceu no início da pregação do Evangelho (cf. At 8,8).

A Igreja Católica no Brasil vive a comunhão com o sucessor de Pedro, nosso Papa Francisco, repercutindo de forma positiva e corajosa seus ensinamentos e decisões. Pedimos que todos se mantenham unidos em suas comunidades católicas, em comunhão com o seu bispo, caminhando juntos na vida e na ação eclesial.

Procuremos participar da vida da Igreja com os dons que cada um recebeu de Deus. É uma grande graça participar dos bens da fé, do amor de Deus, dos sacramentos, da Palavra de Deus e da esperança, que nos orientam para a realização plena do Reino de Deus. A realização da vida e da missão da Igreja conta com a participação de todos os seus membros. Encorajamos a todos a se sentirem parte da Igreja e a viverem a missão confiada por Jesus Cristo a todos os batizados. Para tanto, faz-se necessário implantar e fazer crescer um renovado processo de Iniciação à Vida Cristã, assim como um cuidado e empenho no discernimento e pastoral das vocações, em sua edificante diversidade. Valorizemos de forma especial a participação dos jovens em nossas comunidades. Por outro lado, encorajamos a participação dos leigos e leigas nas responsabilidades da vida social e da vida pública, em todas as suas dimensões.

Não desanimemos diante das dificuldades e das cruzes da vida.
Pensemos nos muitos irmãos do passado e do presente, que sofreram e que sofrem perseguições de todo tipo e até o martírio. Que o exemplo deles dê coragem a todos nós. Socorramos os irmãos que mais sofrem e não fiquemos insensíveis às angústias dos pobres.

E vocês, queridos irmãos e irmãs, membros da Igreja pela graça do Batismo, que por vários motivos têm vivido distantes, sintam-se convidados a se aproximarem de suas comunidades, nas ações litúrgicas, pastorais e missionárias. A Igreja está de braços abertos para acolher a todos, na certeza de que sua vida é preciosa para Deus, e disposta a lhes apresentar o caminho da alegria, da felicidade e da salvação, revelado pelo Filho de Deus. Em nossas comunidades, vocês encontrarão o sentido de sua existência e a inspiração para serem discípulos missionários de Jesus Cristo Salvador.

Agradecemos a todos as orações que fazem por nós. Também rezamos por vocês todos os dias, durante esta Assembleia da CNBB. Enfim, chamados a sermos todos Peregrinos da Esperança, vivamos este Ano da Oração, em preparação ao Jubileu de 2025.

Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, dos Santos e Santas Padroeiros de nossas comunidades, especialmente dos que edificaram a Igreja em nossa Terra de Santa Cruz, com seu serviço ao Evangelho e testemunho de caridade, invocamos sobre todos as bênçãos de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.


Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto
Alegre - RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo da Arquidiocese de
Goiânia - GO
1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega
Arcebispo da Arquidiocese de
Olinda e Recife - PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de
Brasília - DF
Secretário-Geral da CNBB

17 abril, 2024

Confira a letra do Hino do Jubileu 2025 em Língua Portuguesa



Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

Toda a língua, povo e nação
tua luz encontra na Palavra.
Os teus filhos, frágeis e dispersos
se reúnem no teu Filho amado.

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

Deus nos olha, terno e paciente:
nasce a aurora de um futuro novo.
Novos Céus, Terra feita nova:
passa os muros, ‘Spirito de vida.

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

Ergue os olhos, move-te com o vento,
não te atrases: chega Deus, no tempo.
Jesus Cristo por ti se fez Homem:
aos milhares seguem o Caminho.

Hino Oficial do Jubileu 2025 - "Peregrinos De Esperança"



Ao som de “Chama vida da minha esperança, este canto suba para Ti! Seio eterno de infinita vida, no caminho eu confio em Ti!”, o episcopado do país reunido na 61ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), cantou pela primeira vez a versão brasileira do Hino para o Ano Jubilar que a Igreja no mundo viverá a partir do Natal de 2024. O Jubileu 2025 tem o lema: “Peregrinos da Esperança”.


15 abril, 2024

O clericalismo continua gordo, forte e corado. Viva a sinodalidade!




“O clericalismo exige obediência cega, não tolera o diálogo, confunde autoridade com autoritarismo, é autorreferencial, centralizador, não suporta ser contestado, mesmo que a contestação seja feita com fraternidade.”



Ótimo texto de nosso companheiro 
Celso Pinto Carias



A coluna precisa começar pedindo perdão aos bispos, presbíteros, diáconos, ministros e ministras não clericalistas. Não são muitos, mas existem. Chicão, o Papa Francisco, desde o início de seu pontificado fala disso. Chegou a comparar com um câncer. Mas apesar do papa, continua gordo, forte e corado. Por quê?

José Comblin, um teólogo visionário falecido em 2011, afirmou, com razão, que o sistema teológico cristão foi fortemente influenciado pelo império, inicialmente o romano, depois outros impérios foram fazendo o mesmo papel. O clericalismo é a forma de manutenção de um governo imperial eclesiástico. Para um império se manter, ele precisa dominar de todas as formas, inclusive ou principalmente, com armas simbólicas. Armas que não precisam ser ostensivas, mesmo que em certos momentos históricos, até armas que produzem dor e sofrimento sejam utilizadas, como nas guerras. Sabemos muito bem, por exemplo, a razão pela qual os EUA lançaram duas bombas atômicas sobre civis japoneses em uma guerra já vencida. Tratava-se de uma mensagem para o mundo, isto é, uma afirmação do poder dominador.

Aqueles que agem como aliados do poder dominador na Igreja não precisam mais, graças a Deus, enviar “bruxas” para o “braço civil” queimar na fogueira. Mas queimam de outra forma. Relacionam pessoas boas, caso recente do Pe. Júlio Lancellotti, do próprio Papa Francisco, com o mal, buscando justificar o ódio como um sentimento de rejeição ao “pecado”. Libertando as consciências de uma possível autoavaliação de seus atos como desumanos e justificando a injustiça social como vontade de Deus: “Jesus disse: pobres sempre terão entre vós”.

Ora, o clericalismo é uma forma simbólica da manutenção de um poder que não é poder do amor, aquele vivido e revelado por Jesus de Nazaré. O “manto sagrado” que o disfarça induz a maior parte do povo santo de Deus a uma obediência cega que desculpa, muitas vezes, transgressões perversas dos clérigos e de todas as pessoas na Igreja que agem sob o manto do clericalismo, pois leigos e leigas também podem ser clericalistas. Até abusos morais são camuflados. A imagem de um Deus Misericordioso, como o revelado por Jesus Cristo, é muito condescendente com aqueles que mostram, por sua própria condição, a contradição da sociedade, por isso devem ser eliminados sem pudor. Como assim “bem-aventurados os pobres”? Por isso, a imagem de um Deus que condena o pecador é muito mais eficaz para garantir a manutenção dos privilégios daqueles que tem poder, mesmo que seja um privilégio menor diante dos grandes privilégios dos verdadeiros dominadores.

Os clérigos que incorporam o clericalismo, consciente ou inconscientemente, desejam a manutenção dos cincos “Cês”, como diz um presbítero amigo, não clericalista evidentemente: casa, comida, celular, carro e casula. As ovelhas, muitas vezes, cheiram mal, por isso é melhor atrair o povo “cheiroso” e vestir paramentos litúrgicos que brilham no altar e resplandecem o poder do sagrado na figura humana do padre, sem precisar do trabalho cotidiano, do contato com a miséria humana que precisa de ajuda.

Neste contexto, uma Igreja Sinodal não pode ser bem recebida. Uma Igreja onde, de fato, o batismo seja o grande vínculo com o Caminho de Jesus atrapalha. Daí se entende porque o Sínodo Comunhão, Missão e Participação não seja bem recebido por boa parte do mundo clericalista.


O clericalismo exige obediência cega, não tolera o diálogo, confunde autoridade com autoritarismo, é autorreferencial, centralizador, não suporta ser contestado, mesmo que a contestação seja feita com fraternidade. Exclui leigos e leigos que tenham alguma iniciação teológica, pois podem oferecer contrapontos não desejáveis, que induzam a pensar, a refletir em possibilidades de uma participação mais efetiva de todas as pessoas batizadas que desejam servir a Igreja em algum ministério.

A volta da batina, por exemplo, já tratada em outra coluna, pode ser um forte símbolo de afirmação de um poder sagrado dominador e não de desapego. Evidentemente que pode ser um desapego, como foi no caso de Dom Hélder; mas o que está acontecendo nos últimos anos vai em outra direção. É significativo que o uso das vestes clericais hoje seja mais dos presbíteros jovens, sem generalizar, do que dos mais velhos. Em uma determinada paróquia, de um determinado lugar do Brasil, um fiel chegou a afirmar quando um presbítero jovem tomou posse em substituição a um falecido presbítero, depois de ter dado a vida durante anos àquela paróquia: “agora sim temos um sacerdote”. Sim, o uso do conceito “sacerdote” em detrimento do conceito de “presbítero”, no sentido neotestamentário, ganhou força. O “sacerdote” é aquele que quase é outro Cristo, e o “presbítero”, como a palavra grega original, é o ancião, a pessoa mais velha que orienta, acolhe, ajuda a comunidade a seguir o Caminho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O presbítero simboliza mais o Jesus do lava-pés.

Por isso, rogamos a Deus para que o Sínodo possibilite o recomeço de uma Igreja que anuncia o Reino de Deus como fez o mestre Jesus Cristo. Que a Igreja seja sinal, luz, fermento no meio do mundo, e não aliada dos impérios. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!


Fonte: Portal das CEBs

05 abril, 2024

O dia de ontem, 04 de abril de 2024!

“um gritinho, tia Lúcia, vim fazer um piquenique com você”

Uma endoscopia agenda e às 20 horas reunião online com mais duas colegas das CEBs do Paraná.


O dia de ontem, 04 de abril de 2024!

Ao levantar mal estar, sintomas de virose.

Passado um tempo, melhoras.

Já na clínica, encaminhada para a endoscopia, feito os procedimentos, ao acordar estava com curativo sobre uma das mãos e em dois pontos do braço e eles estavam doloridos. Algo não ocorreu tão bem durante o procedimento, mas já não havia amanhecido bem.

Ao retornar para a casa, em companhia da Ge, que ainda bem, uma ótima motorista, essa teve que apressar a chegada, sintomas da virose intestinal voltando.

Já em casa, após passado novamente os sintomas da virose, ainda em jejum, pensei que iria tirar apenas uma soneca, fui acordar às 17h30. Recuperei todos os sonos em atraso.

Aí um gritinho vindo ao meu encontro, minha sobrinha de cinco anos, Tia Lúcia, eu trouxe muita coisa de minha casa para fazer um piquenique com você. Em seu rostinho sorriso e brilho em seus olhos.

E o piquenique aconteceu do jeitinho dela.

Depressa chegou 20 horas, e a reunião foi acontecendo maravilhosamente. Eu mais a colega Rosa de Londrina e Maria de Jesus de Paranavaí. Concluímos encaminhamento sobre um documento norteador para as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) do Paraná, que será apresentado na reunião da Ampliada das CEBs do Paraná que acontecerá nesse final de semana.

É...assim foi meu dia de 04 de abril de 2024.






29 março, 2024

Sexta-feira Santa, é quando Jesus entrega, de fato, o Seu Corpo e o Seu ...

Sexta-feira Santa


Sexta-feira Santa

Paixão e Morte de Jesus Cristo: a prisão, condenação e padecimento, desde a flagelação em casa de Pilatos, até a crucifixão e morte na cruz no Calvário.

Deixar-se envolver pelo Mistério da Cruz, silenciar e adorar, percorrer o caminho com Jesus, um caminho de abandono, humilhação e dor.

Sexta-feira Santa, é quando Jesus entrega, de fato, o Seu Corpo e o Seu Sangue por todos nós.


28 março, 2024

Quinta-feira Santa 2024

Quinta-feira Santa, inicia-se o tríduo pascal, o centro da Semana Santa

Quinta-feira Santa, inicia-se o tríduo pascal, o centro da Semana Santa

Durante a celebração o ritual da Ceia do Senhor e Lava-pés.

Recorda a última ceia, Jesus instituiu a Eucaristia, dizendo que o pão e o vinho são o Seu Corpo e Seu Sangue, como também já havia falado nas escrituras, especialmente em João 6 "Meu corpo é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida".

E o gesto de Jesus do Lava-pés, que reafirma o mandamento do amor, a caridade.

Devemos nos sensibilizar pelo ato de amor de Jesus Cristo, abaixou-se e lavou os pés de suas discípulas e discípulos.

Não foi um gesto de perdão, e sim, um gesto de serviço.

A Igreja, cada cristã e cada cristão torna-se servidora servidor quando conseguem abaixar-se a serviço das irmãs e dos irmãos, principalmente daquelas e daqueles que são descartados da sociedade e do coração de tantas mulheres e homens.


Francisco pede aos padres para:

Francisco pede aos padres para:
Tomar cuidado com a hipocrisia clerical e para meditar com tristeza nos seus fingimentos e falsidades.

Também agradece:
(...) obrigado porque levais a maravilha da misericórdia - perdoar sempre, sejais misericordiosos - e levais esta misericórdia de Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo.



Na manhã desta Quinta-feira Santa, o Papa presidiu à Missa Crismal na Basílica de São Pedro, com a participação de quatro mil pessoas, entre as quais 1.500 sacerdotes. Esta celebração é o prelúdio do Tríduo pascal, que tem início esta tarde com a missa "in Coena Domini".

Na Missa do Crisma, o Bispo e o presbitério renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação, reafirmando a própria fidelidade a Cristo, que os escolheu como seus ministros. Ainda na Missa Crismal, são abençoados o óleo dos enfermos e o dos catecúmenos, e é consagrado o Crisma.

Em sua homilia, portanto, Francisco se dirigiu especialmente aos sacerdotes, propondo uma reflexão sobre uma palavra que ele mesmo definiu como "insólita": a compunção, ou seja, a contrição: "Não um sentimento de culpa que o lança por terra, nem uma série de escrúpulos que paralisam, mas uma 'picada' benéfica que queima intimamente e cura, pois o coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se, acolhe a ação do Espírito Santo".

Entretanto, explicou o Papa, é preciso compreender bem o que significa "chorar por nós próprios": "Não é sentir pena de nós, é arrepender-nos seriamente de ter entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante Dele sempre estamos em débito, nunca em crédito; é olhar para dentro e sentir pesar pela própria ingratidão e inconstância; meditar com tristeza nos meus fingimentos e falsidades; descer aos meandros da minha hipocrisia. A hipocrisia clerical, queridos irmãos, aquela hipocrisia na qual escorregamos tanto, tanto... Cuidado com a hipocrisia clerical. Assim, precisamente deste ponto, pode-se erguer o olhar para o Crucificado e deixar-se comover pelo seu amor que sempre perdoa e eleva".

As lágrimas são o sinal

A compunção requer esforço, continuou Francisco, mas restitui a paz; é o antídoto para a "esclerocardia", isto é, a dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus. O coração sem arrependimento nem lágrimas torna-se rígido, rotineiro, intolerante com os problemas e indiferente às pessoas, advertiu o Pontífice, que exortou:

“Irmãos, pensemos em nós próprios e interroguemo-nos quão presente estejam a compunção e as lágrimas no nosso exame de consciência e na nossa oração. Perguntemo-nos se, com o passar dos anos, aumentam as lágrimas.”

Na vida espiritual, prosseguiu o Papa, é preciso chorar como as crianças, pois quem não chora retrocede, envelhece interiormente; já quem está compungido no coração sente-se cada vez mais irmão de todos os pecadores do mundo, sem qualquer aparência de superioridade nem dureza de juízo, mas com desejo de amar e reparar. "Queridos irmãos, a nós – seus Pastores –, o Senhor não pede juízos de desprezo contra quem não crê, mas amor e lágrimas por quem vive afastado."

A compunção, concluiu Francisco, é uma graça e como tal deve ser pedida na oração. Antes de finalizar, o Papa partilhou duas recomendações. A primeira é não olhar a vida e a vocação numa perspectiva de eficiência e imediatismo, mas alargar os horizontes para dilatar o coração. A segunda é se dedicar a uma oração que não seja obrigatória e funcional, mas livre, calma e prolongada.

O agradecimento do Papa aos sacerdotes

"Voltemos à adoração e à oração do coração. Repitamos: Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador. Sintamos a grandeza de Deus na nossa baixeza de pecadores, para olharmos para dentro de nós mesmos e nos deixarmos trespassar pelo seu olhar. (...) Obrigado, queridos sacerdotes, pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas fadigas e o vosso pranto; obrigado porque levais a maravilha da misericórdia - perdoar sempre, sejais misericordiosos - e levais esta misericórdia de Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo. Que o Senhor vos console, confirme e recompense!"


Fonte: Vatican News

24 março, 2024

5ª Celebração dos Mártires em honra a São Oscar Romero

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

Domingo de Ramos, início da semana santa, lembrando a entrada triunfal Jesus em Jerusalém. Ele é aclamado e ao mesmo tempo já é condenado.

Jesus aceita a condição de morte e morte na cruz para trazer a humanidade a verdadeira vida, de viver a paz e a harmonia, que são sinais do Reino dos Céus.





21 março, 2024

5ª Celebração dos Mártires em honra a São Oscar Romero

A baixo um texto que escrevi e publicado no site da Arquidiocese de Maringá




5ª Celebração dos Mártires em honra a São Oscar Romero

Sábado, 23 de março às 19h30

Na Ocupação Dom Helder Câmara, no Residencial Golden Vile, Av. Independência, na Cidade de Paiçandu.


As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Arquidiocese de Maringá convidam para a 5ª Celebração dos Mártires em honra a São Oscar Romero. Um momento de mística para esperançar uma missão de amor, de esperança, de resistência, de um mundo novo. Esperançar horizontes de possibilidades com ousadia e coragem cultivando a utopia em realidades difíceis e assim a exemplo de São Oscar Romero não deixar adormecer o profetismo do Reino de Deus.


Dom Oscar Romero, Bispo dos pobres, uma história de fé e de compromisso para com o Reino de Deus. Em suas homilias dominicais denunciava as inúmeras violações de direitos humanos em El Salvador e manifestou publicamente sua solidariedade com as vítimas da violência política. Na homilia de 11 de novembro de 1977, Dom Romero afirmou: "A missão da Igreja é identificar-se com os pobres. Assim a Igreja encontra sua salvação".


Convidamos vocês, para nos encontrar para celebrar a mística que envolve a vida de Oscar Romero, a “causa do Reino”, as causas dos diversos rostos da exclusão social e a resistência na busca dos direitos sociais e dos direitos humanos que são roubados.


Convidamos vocês, para nos encontrar para celebrar a mística que envolve a vida de Oscar Romero que reaviva o anseio por justiça e profecia a serviço da vida, e pôr-se a ouvir e a juntar-se aos gritos que ecoam das oprimidas e oprimidos; dos pobres; das excluídas e excluídos e colocar-se nas lutas por um mundo de paz, de igualdade e justiça. Toda luta, toda organização em prol a estas causas é um ato de amor.


Como ação social, a campanha de arrecadação de alimentos, que fraternamente serão doados às famílias da ocupação Dom Helder Câmara.


Ocupação Dom Helder Câmara

A Ocupação Dom Helder Câmara na cidade de Paiçandu é resultado de termos o direito à cidade, mas milhões de pessoas vivem sem teto ou em condições precárias de habitação. Essa realidade mostra que a ocupação compõe a luta por moradia, que é justa. A ocupação se deu no Residencial Golden Vile, abandonado há mais de nove anos e tornou-se um local onde se praticava diversos tipos de crimes. Hoje a Ocupação abriga mais de 200 famílias. Limpo e revitalizado o local cumpre sua função social.


Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs da Arquidiocese de Maringá

5ª Celebração do Mártires em honra a São Oscar Romero

O Papa aos migrantes em Lajas Blancas: gostaria de estar com vocês agora

Francisco escreve a um grupo de mulheres e homens no centro de acolhimento temporário de Lajas Blancas, no Panamá: “Nunca se esqueçam de sua dignidade humana, não tenham medo de olhar os outros nos olhos. Vocês são filhos de Deus".



Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Santo Padre enviou uma carta, nesta quarta-feira (20/03), a um grupo de migrantes, homens e mulheres atualmente alojados na Estação de Acolhimento Temporário para Migração (ETRM), em Lajas Blancas, no Panamá. Este centro acolhe os migrantes que sobreviveram à floresta de Darién, a selva na fronteira entre a Colômbia e o Panamá que se tornou uma rota fundamental para aqueles que se dirigem aos EUA vindos da América do Sul, passando pela América Central e México.

Perigos e violência
Mais de meio milhão de pessoas - um número recorde fornecido pelo governo panamenho - se aventuraram neste itinerário mortal em 2023, onde, além dos perigos da selva, há o risco de se deparar com gangues criminosas que roubam ou pedem dinheiro para guiá-los neste corredor de 265 quilômetros e usam violência, especialmente contra mulheres. Os que sobrevivem se refugiam em Lajas Blancas, onde recentemente houve superlotação e agravamento dos problemas de saúde e segurança devido à falta de água e de camas.

As palavras de apoio do Papa
A mensagem de proximidade e consolo do Papa chega essas pessoas. Francisco escreve: "Gostaria de estar pessoalmente com vocês agora". Francisco recorda no texto que ele também é "filho de migrantes que partiram em busca de um futuro melhor". "Houve momentos em que eles ficaram sem nada, passaram até fome, com as mãos vazias, mas com o coração cheio de esperança", escreve o Papa.

Migrantes, carne sofredora de Cristo
A seguir, o Pontífice agradece aos bispos e aos agentes pastorais locais pelo que fazem, ressaltando que "eles são o rosto de uma Igreja mãe que caminha com os seus filhos e filhas, nos quais descobre o rosto de Cristo e, como Verônica, com carinho, proporciona alívio e esperança na via-sacra da migração". "Obrigado por se comprometerem com os nossos irmãos e irmãs migrantes que representam a carne sofredora de Cristo, quando são obrigados a abandonar sua terra, a enfrentar os riscos e as tribulações de um caminho difícil, quando não encontram outra saída", sublinha.

"Irmãos e irmãs migrantes, nunca se esqueçam de sua dignidade humana", escreve ainda Francisco, convidando-os a não "terem medo de olhar os outros nos olhos porque vocês não são um descarte, mas também fazem parte da família humana e da família dos filhos de Deus".

"Que Jesus os abençoe e que a Virgem Santa cuide de vocês. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim", finaliza o Papa.

Na mensagem enviada, na última quarta-feira (20/03), aos participantes de um encontro dos bispos fronteiriços da Colômbia e da Costa Rica e dos bispos do Panamá sobre a emergência no Darién Tapón, o Pontífice encoraja a todos "a trabalhar incansavelmente para que seja possível erradicar essa indiferença, de modo que, quando um irmão ou irmã migrante chegar, encontre na Igreja um lugar onde não se sinta julgado, mas acolhido; onde a fome e a sede possam ser saciadas e a esperança reavivada".

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Fonte: Vatican News

08 março, 2024

Dia Internacional da Mulher!


 

Dia Internacional da Mulher, 08 de março.


Gostamos sim!

Gostamos sim de flores, elas são significativas "A paz é como uma flor frágil que tenta brotar entre as pedras da violência, então exige que se continue a afirmá-la com determinação, mas sem fanatismo; com coragem, mas sem exaltação; com tenacidade, mas de maneira inteligente" (Papa Francisco).

Gostamos sim de carinho porque somos manifestação de solidariedade “Quanto o mundo precisa de carinho hoje!” (Papa Francisco).

Gostamos sim de perfumes, nós transmitimos o perfume de uma vida santa inspirada no Evangelho “Nunca terminaremos de cumprir o mandato de difundir por todo o mundo o bom perfume de uma vida santa, inspirada na fascinante simplicidade do Evangelho” (Papa Francisco).

Gostamos sim do que é gostoso, como o vinho, porque sabemos que "o vinho é para todos, não apenas para os que têm mais oportunidades" (Papa Francisco).

Gostamos sim de sinceridade porque cultivamos a virtude que se traduz em uma conduta franca, verdadeira e leal, “Cultivemos «a sinceridade e a humildade do coração que nos dão uma visão honesta das nossas fragilidades e da nossa pobreza interior»” (Papa Francisco).

Gostamos sim e acreditamos na inclusão, acrescentar ajuda a construir a igualdade que tem relações com a liberdade, é o que fazia Jesus, acolhia a todas e a todos e com Ele ninguém se sentia excluído. “Nós sabemos disso, porém temos dificuldade em viver assim, por isso precisamos rezar, pedir uma mudança de mentalidade, de olhar, começando por nós mesmos" (Papa Francisco).

Gostamos sim de amar e ser amada, gostamos do amor, cultivamos lações de consanguinidade e de relações sociais. O amor nasce do encontro com a pessoa de Jesus que leva a missão, o amor “pode mudar o mundo, mas muda primeiro a nós mesmos” (Papa Francisco).

Gostamos sim ...

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Eu, Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)